Casar sem frescuras | Dicas da autora Claudia Matarazzo

Na última década, as frescuras envolvendo festas de casamentos aumentaram – e muito! Quem nos fala sobre o assunto, apresentando fatos capazes de comprovar tal afirmação, é a jornalista e escritora Claudia Matarazzo, autora do livro Casar sem Frescura, lançado em maio de 2015. Doze anos após ter publicado o seu Casamento sem Frescura, Claudia sentiu que era hora de rever os conteúdos escritos. As profundas mudanças – econômicas, comportamentais e tecnológicas -, deixaram clara a necessidade de publicar um guia anti-frescura e anti-excessos atualizado.

Pensando nisso, a jornalista, especializada em comportamento, viajou por todo o Brasil realizando pesquisas e convidou dez dos maiores cerimonialistas do país para participar do projeto. Uma das colaboradoras foi Fernanda Floret (a autora deste blog). O resultado é um livro que presta um grande e divertido serviço para quem se preocupa em acertar na festa. Participaram também os cerimonialistas Alodia Guimarãoes (CE), Chris Ayrosa (SP), Dannilo Camargos (MG), Graça Kurylo (RS), Izis Dorileo (MT), Mario Ameni (SP), Roberta Lacerda (ES), Roberto Cohen (RJ), Wander Ferreira Junior (SJC).

Nada de colocar um drone dentro da igreja para levar as alianças ou de usar um coelho como daminha de honra! Acredite, esses são só alguns dos cômicos fatos presenciados por Claudia, como ela conta a seguir. Na entrevista, a autora fala um pouco sobre sua jornada e explica, afinal, o que é e o que não é frescura. Confira!

Quais foram as principais mudanças observadas nos últimos doze anos?
As tecnologias mudaram demais. Hoje é comum postar os bastidores, os casamentos são muito mais divulgados. Antigamente, o fator surpresa era mais forte. Ninguém sabia como ia ser o vestido, a decoração. Também virou um negócio, o que eu não acho bacana. Pedir dinheiro como presente era impensável.  Hoje é comum, mas existem formas elegantes e deselegantes de pedir. Outra coisa é que, como o mercado se aqueceu, as pessoas começaram a inventar coisas doidas. Fui em uma festa que não teve a hora de jogar o buquê, mas outra brincadeira: foram feitas chaves para as amigas solteiras e elas ficaram tentando abrir o cadeado de uma caixa de acrílico, que tinha o buquê dentro. A festa parou para isso. Qual é a diversão? Tem muita coisa que as pessoas gostam só porque é novidade. O moderno não é necessariamente melhor.

Tecnologias facilitaram também?
Sim, mas nem tudo que é tecnológico é legal. Por exemplo, as pessoas começaram a usar drones pra levar alianças. Isso aconteceu durante um ano mais ou menos, ficava um barulho absurdo do aparelho, junto com o coral, mas agora graças a Deus proibiram. Já vi gente usar um coelho como daminha. A mãe do noivo fazia questão, mas o coelho escapou, tiveram que dopar o bichinho.

Do primeiro livro pro atual as frescuras aumentaram? 
Muito! As frescuras aumentaram muito!

O que é casar sem frescura para você?
Eu tenho uma linha de livros sem frescura: tem o Amor sem frescura, o Etiqueta sem frescura… Então, as pessoas me perguntavam o que eu achava que era um casamento sem frescura, então eu parei pra pensar sobre isso e cheguei a uma conclusão: se não agrega beleza, emoção ou diversão é frescura! Casar sem frescura é casar com a essência do sentimento, tem que ter a ver com os noivos, com a história deles. E não deve haver excessos!

Quais são as gafes mais comuns?
É o excesso. O mais comum é o excesso de bebida. Hoje as pessoas bebem muito mais. Pra se ter uma ideia, há vinte anos atrás era uma garrafa de espumante para cada quatro pessoas, hoje é um pra um. Noivo e noiva vai parar no hospital, noivo que cai duro e não ajuda nem a noiva a tirar o vestido no hotel. Tudo tem a ver com excessos.

Você viajou bastante pelo Brasil, certo?
Sim, nesses últimos dois meses inclusive fui para nove cidade em feiras de casamentos, encontros com noivas. Vou como consultoria, participo de palestras.

Percebe diferenças entre as regiões quando o assunto é casamento?
Sim! No Nordeste, por exemplo, eles usam muito mais padrinhos do que aqui. Lá costumam ser 26 casais! Não ficam todos no altar, eles ficam nos primeiros bancos, mas entram em um cortejo separado… dá quase 60 pessoas. Tem diferenças de horários, no Sul casam mais cedo porque é mais frio, no Nordeste casam mais tarde justamente pelo clima, pra refrescar. No Centro-oeste tem muita, muita, muita variedade e quantidade de comida.

O que é tendência hoje em dia?
Uma tendência legal, que pegou, e eu espero que fique por muito tempo são os miniweddings. Caiu a ficha que é muito mais legal você receber 100 amigos de verdade e aproveitar todos do que você tentar dar de comer para mil pessoas. Você consegue fazer super caprichado e por um preço mais acessível. A pessoa aproveita mais, a qualidade do casamento é muito melhor.

Como você começou a se interessar pelo assunto?
Depois de lançar o meu livro de etiqueta, começaram a me perguntar muito sobre casamentos, então decidi me dedicar a isso. O primeiro que lancei foi há 18 anos atrás, que chama Casa e arrase. Seis anos depois, fiz o Casamento sem frescuras e, por fim, resolvemos fazer esse atual, o Casar sem frescuras, que é um mapa do casamento no Brasil, são dez profissionais de casamento, como a Fernanda Floret, e, portanto, fiz dez perfis, onde cada um conta suas experiências. O que está lá não é minha opinião, mas sim desses dez profissionais que são craques em casamento. De todos os meus livros (são 18), esse é o que mais presta serviço. Contei com a ajuda do meu sócio, o cerimonialista Mário Ameni para alinhavar todas as histórias e informações.

Como foi o seu casamento?
Eu casei em casa. Não era uma coisa tão complicada. Eu brinco que antigamente, quando você casava, tinha três fornecedores: o cara da cobertura, a mulher dos docinhos e do bolo e o buffet. Eventualmente tinha um DJ também. No meu, o mesmo buffet fez a sobremesa e o bolo foi feito em casa pela cozinheira da família. Casei às 11 da manhã, fiz um almoço e durou até às 9h da noite.

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