O que fazer se algo der errado no dia do casamento?

A advogada Livia Vital Bueno escreveu uma série de posts sobre as dúvidas jurídicas relacionadas a casamento aqui no blog. Ela casou e agora conta a experiência dela de como agir se algo der errado no dia do casamento.

Por: Lívia Vital Bueno

Depois de meses de preparação e muita expectativa, o que o casal mais deseja, além de celebrar sua união, é que tudo saia exatamente como foi planejado e que todos os detalhes, escolhidos com muito carinho e atenção, estejam como imaginaram. Acontece que, infelizmente, por maior que seja o planejamento, imprevistos podem acontecer. Alguns deles são facilmente contornáveis, outros não. E, no caso desses últimos, o que fazer? Hoje escrevo com o mais absoluto conhecimento de causa e explico por quê.  Se antes eu escrevia como noiva-advogada, agora tenho um novo estado civil: casei-me em novembro de 2012.

Cada um tem suas prioridades e uma das minhas era o “dia da noiva”. Isso porque, durante muito tempo, cuidei de tudo com tanto carinho para oferecer aos convidados o melhor que podia, dentro do meu orçamento, então achei que merecia ser tratada de forma especial.

Pesquisei inúmeros salões e profissionais até encontrar o local que considerei ideal para aquele momento tão importante. Lá, antes de fechar o contrato, fui muito bem tratada e me prometeram não haveria atrasos, que seriam atendidas no máximo 03 noivas no dia (e em horários diferentes), que seria tudo muito tranquilo. Enfim, tudo se encaixava naquilo que eu buscava: um dia da noiva especial, somente com a minha mãe, em um lugar bonito, onde eu pudesse descansar e tirar lindas fotos, vestida de noiva, antes de ir para a cerimônia.

Todavia, nada disso aconteceu. Quando cheguei ao salão (no horário solicitado), 07 noivas estavam se arrumando, cada uma delas com uma porção de madrinhas! Aí você pode me dizer: “Ah, mas isso é normal, é previsível, especialmente em um sábado.” E eu respondo: “Sim, mas não foi isso que contratei e, justamente por esse motivo, não poderia simplesmente ser aceito como normal.”

Ao longo do dia fui percebendo que as coisas não sairiam da forma como sonhei. O sonho de fazer o “dia da noiva” ideal foi por água abaixo. Minha mãe começou a ficar bastante nervosa com tudo aquilo e eu, devo confessar, também. Não tive a exclusividade prometida, não fui tratada como deveria, minha maquiagem e meu cabelo NÃO ficaram iguais ao teste, o maquiador se recusou a maquiar minha mãe (e só o fez depois de muita insistência nossa) e eu, que havia treinado caras e bocas na frente do espelho, fiquei quase sem fotos do meu making of, nem o brinde com os meus pais consegui fazer.

Acontece que, apesar de tudo isso, no dia do casamento, antes de sair de casa, jurei para mim mesma que NADA estragaria minha felicidade.

Não é simples ver o descaso, a falta de organização e profissionalismo de fornecedores que você julgou serem tão renomados (e de fato o são), mas que falham “justo na sua vez”. Não é fácil se controlar e respirar fundo quando tudo o que mais se deseja é chorar de raiva e decepção, especialmente quando se espera MUITO por determinada coisa.

Mas não se pode esquecer que há muitas pessoas queridas esperando pela chegada da noiva, linda, com sorriso aberto e realizada com tudo aquilo. Por isso, de forma bastante serena (sem escândalo), registrei verbalmente minha frustração, entrei no carro e fui para a igreja.

Fui feliz, a noiva mais feliz que meus convidados já viram, segundo eles mesmos vieram me dizer. Eu não poderia deixar o sonho de tantos anos ser afetado por causa de algo que não estava dentro do meu controle. Tudo aquilo que dispus a fazer foi bem feito, mas certas coisas não dependem somente de nós e aceitar isso é muito complicado.

Ao chegar à festa, logo na entrada do salão, notei que a fita do bem casado não era aquela que escolhi e, no dia seguinte, vi que o vinho também não era aquele que contratei! Dentro de uma infinidade de itens, esses 02 estavam errados.

Após retornar da lua de mel, liguei para os fornecedores acima, apresentei as falhas (especialmente para alertá-los a não cometer o mesmo erro com outras pessoas) e cobrei explicações, que vieram prontamente.

Com relação ao salão onde me arrumei, a questão foi mais complexa. Ali a falha não tinha explicação, não era aceitável e, o dano moral sofrido, não é reparável.

Entrei em contato com os representantes do local, expus tudo, absolutamente tudo, o que aconteceu e a forma como me senti. Disse que queria ser ressarcida do valor pago ao salão e à minha fotógrafa (pela cobertura do making of), e, além disso, queria ser reparada pelo dano moral sofrido, que não foi pequeno.

Para minha surpresa, num primeiro momento eles concordaram, por escrito, com a reparação dos danos causados. Acreditando que tudo seria resolvido, prontamente respondi ao e-mail encaminhado por uma das proprietárias do salão, no qual indiquei meus dados bancários para que o depósito do montante pudesse ser realizado. Porém, após isso, não houve qualquer retorno. Foram inúmeras ligações feitas e e-mails enviados, sem nenhuma resposta, o que demonstra que a falta de respeito e o descaso continuaram após o “dia da noiva” frustado e só fizeram aumentar meu dano moral.

Diante desse quadro, não há alternativa a não ser ajuizar uma ação e requerer em Juízo a reparação dos danos sofridos. É exatamente isso o que farei, distribuirei uma Ação de Reparação de Danos Materiais e Morais, de modo a buscar, por meio do Judiciário, uma indenização por tudo o que passei. Isso porque, apesar das muitas tentativas de solução amigável da questão, não foi possível a obtenção de um acordo por meio do diálogo entre as partes envolvidas.

O que pretendo mostrar com tudo isso, expondo a vocês o que passei, é que devemos ter calma suficiente para, em caso de problemas, saber o momento certo de tomar as providências adequadas para solucioná-los ou repará-los, porque, por mais que algo insista em dar errado, o sonho, e, principalmente, a alegria de realizá-lo sempre devem ser maiores que os imprevistos.

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Fotos: Nanda Gomes

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